Igreja da Lapa

Em 1754, o fundador da Venerável Irmandade de Nossa Senhora da Lapa, Padre Ângelo Sequeira, foi convidado pelo governador de armas do Porto, D. Diogo de Sousa, a visitar a cidade. Na sua visita decidiu construir uma capela em honra de Nossa Senhora da Lapa. Essa capela ergue-se, em 1755, num local ermo no “Padrão velho, na raiz do monte de S. Ovídio”. Um ano mais tarde, a 17 de julho, pela grande abundância de fiéis, lança-se a primeira pedra da nova igreja, construção que se arrastou até 1863. O seu primeiro projeto foi encomendado a João Glama Ströberle, porém um novo desenho foi encomendado a José de Figueiredo Seixas, arquiteto que dirigiu as obras até 1773, data da sua morte.

No dia 5 de maio de 1799, quando o corpo da igreja se dá por terminando, realizou-se o rito da dedicação. É desde essa altura que a Irmandade da Lapa celebra a festa da padroeira, no primeiro domingo de maio.

Com a igreja construída o olhar virou-se para o interior da igreja da Lapa, onde ainda hoje se pode ver trabalhos de diferentes artistas e artesãos. O altar-mor do entalhador portuense Manuel Moreira da Silva e a sua pintura de Joaquim Rafael, o presépio miniatura da escola Machado de Castro e o simulacri da relíquia de Santa Vitória.

No seu interior pode-se ainda ver o mausoléu onde repousa, desde 1837, o coração de D. Pedro IV. Um monumento do “mais fino granito que se pôde extrair das pedreiras da cidade”, concebido e projetado por Joaquim da Costa Lima Júnior.

Num passado mais recente, a Casa da Irmandade e a Galeria dos Retratos. Da autoria do arquiteto portuense Marques da Silva (1869-1947) o edifício contíguo à igreja acolheu também, até 2008, a Escola da Lapa.

Uma igreja museu

A Igreja da Lapa acolhe uma imagem da Nossa Senhora da Lapa, em madeira policromada, mandada esculpir pelo Fundador P. Ângelo de Sequeira, entre 1753 e 1754. E, um dos mais belos órgãos de tubos da Península Ibérica. 

Na capela-mor encontra-se um mausoléu, em granito, contendo o coração de D. Pedro IV. Possui também dois vitrais, à entrada, ao nível do solo cuja autoria é de Maumejean, Paris, 1927. Ao nível do coro-alto existem 3 vitais, enquadrando o órgão de tubos, e são da autoria de R. Leone, 1931. Na boca da tribuna da capela-mor encontra-se um painel com o tema de Adoração dos pastores, de grandes proporções (12×5.70m), constituindo o maior painel da cidade do Porto. E, no altar de S. José encontra-se um interessante presépio miniatura a escola Machado de Castro. 

Na fachada exterior encontram-se 4 estátuas femininas, de tamanho superior ao humano, representando 4 mulheres do Antigo Testamento: Raquel, Judite, Ester e Sara.

Concertos

Em 1995 a Irmandade da Lapa adquiriu o monumental órgão de tubos. Construído pelo organeiro alemão Georg Jann, foi considerado por ele próprio a sua obra-prima. Objeto de sonho há muito acalentado pela Irmandade, a sua inauguração envolveu a população da cidade. Recuperando uma tradição medieval, no dia 7 de julho de 1995 foi organizado um cortejo com 12 pipos de vinho do Porto, transportados em carros de bois, desde o Palácio da Bolsa até à Igreja da Lapa. O vinho foi benzido e disposto nos dois maiores tubos do órgão, para daí poder ser servido à comunidade festejante.

O órgão revela-se uma peça fundamental para os seus concertos e por ele já passaram os melhores organistas do mundo.

Características:
O Orgão possui o total de 4 307 tubos:
– Grande Órgão: 1 337 tubos
– Positivo: 928 tubos
– Expressivo: 1 306 tubos
– Trombetas: 232 tubos
– Pedal: 504 tubos
– Carrilhão: 42 sinos

O maior tubo é de madeira e mede 10.12 metros de altura. O maior tubo da fachada tem 8.13 m de altura e 255 mm de diâmetro. O tubo mais pequeno é de metal, com 9 mm de altura e 2.9 mm de diâmetro. O órgão pesa cerca de 34 toneladas e está assente numa estrutura de ferro. Tem 14.18 m de altura, 10.20 m de largura e 5.10m de profundidade.